terça-feira, 12 de agosto de 2008

Explosão de Recordes em Pequim Intriga Natação

by Maria Eduarda Carvalho - Retirado da Notícias Reuters

A menos que os chineses tenham errado acidentalmente na medida e construído uma piscina de 49 metros, não existe uma explicação simples para tamanha fartura de recordes mundiais na natação estabelecidos na Olimpíada de Pequim, nesta semana. Recordes normalmente nunca duram muito na natação, mas com 16 deles já riscados dos livros em quatro dias e muitos outros esperados pela frente, o Cubo d'Água parece um fabuloso rio de ouro.

Várias teorias estão surgindo para explicar o fenômeno. Avançadas técnicas de treinamento, melhores dietas, novas tecnologias na confecção dos maiôs, piscinas que eliminam ondas e reduzem turbulência na água e até mesmo golfinhos para ensinar os melhores movimentos para impulsionar as pernas sob a água são alguns dos fatores listados para justificar o número expressivo de marcas quebradas.

A teoria mais popular para o fluxo de recordes em Pequim é a introdução do maiô LZR, da Speedo, que foi desenhado com ajuda da Nasa, a agência espacial norte-americana. Os maiôs mantêm os nadadores em um tipo de espartilho grudado. Assim, os atletas garantem um melhor posicionamento do corpo na água por mais tempo e conseguem reduzir os efeitos do arrasto.

Cientistas independentes e executivos da Speedo não têm sido capazes de apresentar uma evidência real de que o maiô realmente ajude, mas com mais de 50 recordes pulverizados somente neste ano por atletas vestidos com o equipamento, quase todo mundo pensa que não pode ser coincidência. "Acredito que o maiô mudou as coisas um pouco, mas os bons são bons de qualquer jeito", diz Jack Bauerle, técnico da natação dos Estados Unidos.

A piscina de Pequim tem três metros de profundidade, 50 cm mais que a de Atenas, utilizada na última Olimpíada. Ao contrário de outras, que têm uma parte mais funda e outra mais rasa, no Cubo d'Água não há variação, o que reduz turbulência. A água nos lados da piscina vai para as bordas, entra no deque e é drenada para fora ao invés de voltar. Na divisória entre as raias, as "cordas" passaram a ser desenhadas para aparar ondas entre elas. A água é mantida a uma temperatura constante e tratada com filtros que melhoram a visibilidade e tiram o gosto e o cheiro, além de evitar os olhos vermelhos por causa do cloro.

Do lado de fora da piscina, os blocos de largada são desenhados para ajudar os nadadores, em ângulos que dão a eles a chance de voar na partida. "Esta piscina é muito rápida", disse Bob Bowman, o técnico pessoal de Michael Phelps. "Nós também temos os maiôs, que estão ajudando. Penso que toda essa combinação de coisas está agitando todo mundo. Eles também estão nadando mais agressivamente, estão arriscando mais do que antigamente. Mas penso que o que mudou tão dramaticamente foram as expectativas das pessoas", completou.