segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Cadeia para quem usar trajes ilegais

by Maria Eduarda Carvalho (mãe da Veridiana Carvalho - infantil 2)


Como mãe de nadadora passei estes últimos meses aguardando decisões, apreciando comentários, ponderando opiniões sem saber ao certo a qual lado aderir. Ter ou não ter, vale ou não vale? É injustiça nadar com, ou é mais injusto minha filha nadar sem?

Anette Kellerman vestindo seu ousado Fastskin!
Qual não foi minha surpresa, portanto, ao ler, que por causa de trajes especiais uma nadadora australiana tinha sido presa em Boston e o mesmo ocorreu com a nadadora olímpica americana, presa na Califórnia.

Annette Kellerman, conhecida como a sereia australiana, encantava o mundo com sua performance dentro de uma piscina de vidro, usando um traje desenvolvido por ela mesma que facilitava seus movimentos e permitia maior vigor na sua apresentação.

Em 1907 o traje apresentado era um afronte e as autoridades americanas prenderam Annette, por desacato ao pudor, logo ao desembarcar em NY. Após negociações seu maiô foi liberado, mas com certeza causava tanto espanto quanto suas manobras aquáticas.

Poucos anos depois, numa praia na Califórnia a nadadora Olímpica Ethelda Bleibtrey foi presa ao aparecer vestindo um maiô que não lhe cobria as pernas até os tornozelos como era esperado.

Após este triste episódio e conseqüente reclamações das autoridades esportivas, ocorreu o fim da obrigatoriedade do comprimento dos maiôs femininos e com isso as mulheres puderam participar de fato das provas de natação. Na Olimpíada de 1920, Ethelda ganhou 3 medalhas de ouro para os EUA.

Gertrude Ederle chegando à Inglaterra com o modelo que causou polêmica
A grande nadadora Gertrude Ederle, primeira mulher a cruzar o Canal da Mancha, também revolucionou na hora do traje. Esta pioneira da natação buscava no maiô uma peça que favorecesse e facilitasse seu nado.

Em 1926, na sua segunda tentativa, após o fracasso do ano anterior, Gertrude voltou à França decidida a conquistar o canal e para isso sabia que precisava se ver livre dos maiôs de lã que pesavam e tornavam a travessia muito mais difícil. Juntamente com sua irmã, bolou e produziu um sunkini de seda, feito sob medida, leve e resistente. Gertrude não só nadou, como estabeleceu o novo recorde baixando mais de duas horas da marca anterior.

O curioso é que antes os trajes eram proibidos por cobrirem cada vez menos o corpo e hoje o problema é o contrário!

Portanto, fica claro que não é de hoje que se busca na natação aliar maiôs às performances, mas talvez tenhamos ido longe demais...

Ontem, minha filha e eu, dedicamos a manhã para provar o tal Jaked adquirido para esta última temporada, após 61 minutos de muito suor, persistência e paciência, minhas dúvidas foram todas embora.

Agradeço a decisão da FINA, proibição já! Nenhuma mãe precisa passar por isso!

Um comentário:

F.Stacchini disse...

Belo post! O tema é muito controvertido mesmo e dá para defender todos os lados. Pessoalmente sou contra os trajes tecnológicos e achop que nesse campo quanto menos tecnologia, melhor. Adorei as informações e as fotos!

Stacchini